Há coisas que só a ausência decifra.
O cadáver esquisito
dorme sem epitáfio.
Tão exótico, tão meticuloso,
tão certo de que lia entrelinhas.
Nunca soube
onde começava o vazio.
A luz não me fere os ossos,
certas palavras fecham-me o corpo.
Como portas
sem dobradiça.
Minha saudade?
Lugar que o tempo não dobra.
Minha memória?
Vento. Respira de dentro para fora.
Ainda finjo juízo,
num instante exato.
O som do impossível
toca a boca antes da pronúncia.
Na semana passada,
um coração errou o compasso.
E ainda assim
dançou.
Desde então,
cresço onde o nome não cabe.
Certo dia,
quase mergulhei num bilhete.
Mas vi que
a tinta estava seca.
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