— Se vens da Fonte, por que trazes a Sede?
— Na boca, reticências abertas, por onde a água escorre.
— O cântaro pesa, mas nunca se enche.
— As mãos são grades por onde o líquido se evade.
— A sede é um eco que bebe a própria voz.
— Um poço onde a lua se afoga sem tocar o fundo.
— O que sacia, evapora antes do primeiro gole.
— O que escorre, nunca volta ao cálice.
— Entre o rio e a foz, um deserto sem pegadas.
— Entre a língua e a fonte, a sede infinita do verbo.
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