Há quem chegue a Sucupira e veja um mar de pedras, rochas e
desfiladeiros... Eu vejo cavacas. Muitas cavacas que me impediriam de exercer
minha profissão para manter minha saúde mental. Sim, cavacas poéticas, as que
só se comunicam metaforicamente, as sensíveis, as mal compreendidas e por aí
vai. Mesmo que essas cavacas, tão cheias de segredos e nuances, sejam as
verdadeiras guardiãs do território sucupirense. Cada uma delas se comporta como
um enigma delicado, desafiando o entendimento e testando a paciência de
qualquer um que se atreva a decifrar seus códigos mais profundos.
Vista ao longe, a cidade pode parecer apenas um amontoado de
desafios intransponíveis, uma paisagem desértica de dificuldades — e um frio e
chuva da porra. Mas para os que persistem, cada cavaca se revela como um portal
para um mundo onde o absurdo e o sublime se entrelaçam em uma dança
desajeitada.
Aqui, onde os sentimentos e pensamentos são comunicados através de
símbolos e metáforas, cada passo é uma linha de um diálogo ainda por ser
plenamente compreendido.
E enquanto alguns veem apenas pedras no caminho, os
verdadeiros exploradores de Sucupira — ou seriam decifradores de enigmas? —
veem oportunidades para desvendar os mistérios da mente e do comportamento
humano. Sim, essas cavacas poéticas, que exigem de nós não apenas um olhar
atento, mas uma alma disposta a dialogar com as camadas mais escondidas da
comunicação. Ah, Sucupira, tua beleza não está nos sentidos óbvios, mas nas
curvas enigmáticas e nos sussurros das tuas cavacas, que transformam cada jornada
pela cidade num espetáculo de interpretação e revelação profunda.
Ah, Sucupira, tua beleza não está nas linhas retas, em vinte
minutos e acabou a cidade, mas sim no labirinto de mistérios e provocações que
tu, disfarçadamente, ofereces a todos que têm a coragem de te explorar mais
profundamente.
Amo, minha, vossa, tua cidade!
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