Dançar entre o inevitável e o inesperado.

Há momentos em que a brisa transforma-se numa cortina invisível, tocando o rosto com dedos de névoa, sussurrando segredos de um universo paralelo onde o tempo se desdobra como origami. Nessas horas, há uma força que flui, não como um rio, mas como vinho derramado da taça das estrelas, embriagando-nos com a possibilidade de transformar pedras em pássaros.

As tarefas silenciosas que tecemos no dia a dia são como aranhas que desenham teias em cantos esquecidos, cada fio uma ponte para uma revelação, cada entrelaçar uma escultura de sombras dançando ao luar. E, no meio do que muitos chamariam de caos, existe um baile de máscaras onde cada partícula de poeira é uma estrela perdida, cada sombra um convite para um valsar com fantasmas amigáveis.

Mesmo o declínio, quando observado sob o microscópio da alma, revela-se como uma dança de átomos em festa, uma celebração efêmera de tudo que foi e será. A cada folha que cai, um universo se expande, oferecendo uma coreografia de despedidas que apenas os verdadeiros poetas conseguem aplaudir.

E assim, nesta dança entre o inevitável e o inesperado, encontramos um santuário de paz, um equilíbrio esculpido na intersecção entre o que nos impele e o que nos acalma. Há uma elegância sublime nos gestos mais simples, nas viagens que nossa consciência empreende para além do agora, para além do visível.

Não é necessário mais do que uma leve inclinação da alma, uma predisposição para perceber o invisível, para descobrir que, quando o mundo empurra em direções opostas, é exatamente lá que a verdadeira poesia se aninha, tecida pelo silêncio e composta pelas mãos do invisível.

Com afeto e leveza,

Uma alma que também dança entre ventos e folhas.

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