Há um caminho que surge depois do primeiro passo, onde as pegadas da incerteza se misturam com a areia do destino. É um caminho menos trilhado, repleto de curvas sinuosas que se enrolam como os segredos mais profundos da alma. Sob um céu de expectativas silenciadas, a jornada segue, flutuante sobre o manto da realidade. Este caminho estende-se sob uma ponte — um monumento à transição, um arco que liga mundos, presente e futuro, medo e coragem. Veículos passam, indiferentes ao mundo abaixo, as suas rodas desenham na paisagem metáforas de um progresso que nunca toca o chão. O silêncio é quebrado pelo sussurro dos pneus, como pensamentos fugazes na mente de quem se atreve a sonhar. Ali, entre o verde que tudo observa, caminho com um mapa desenhado em folhas de outono caídas. São mapas do efémero, guias para um viajante sem destino. Ao meu lado, uma cerca de madeira, como uma promessa de segurança que apenas sugere, mas nunca confina. A cerca é porosa, permitindo vislumbres do desconhecido, pequenas frestas por onde a luz do novo se infiltra, seduzindo os corajosos. A cada passo, a paisagem muda — não apenas ao redor, mas dentro. O caminho é um espelho da alma, refletindo o que somos e o que tememos ser. Sob o peso do mundo, o caminho curva-se, não em desespero, mas como um convite para dançar com a própria sombra. À noite, as estrelas descem para tocar a terra, curiosas com o brilho tímido das esperanças que carregamos nos bolsos furados. Na distância, um barco passa, vermelho como o coração de quem já amou e perdeu. É um ponto brilhante em fuga, uma memória em movimento, deixando para trás o conforto do conhecido. Ele carrega histórias que nunca serão contadas, porque a estrada é um segredo que se guarda entre as curvas do tempo. E assim, caminho, com a certeza incerta de que cada passo é um verso num poema que a vida escreve, sem rima, cheio de ritmo, e absolutamente surreal.
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